28 de abril de 2015

Paulinho de Odé.



Vitória do axé, vitória da união , vitória da liberdade religiosa. Reprovado na CCJ o parecer favorável ao projeto preconceituoso da família Fortunatti. Só existe vitória se houver união Parabéns a todos os irmãos de fé que estão nesta luta — com Paulinho de Odé.




Em meio a protestos, deputados derrubam projeto que proíbe sacrifício de animais







Em meio a protestos, deputados derrubam projeto que proíbe sacrifício de animais

Por 11 votos contrários e um a favor, parlamentares consideraram o projeto inconstitucional


O Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, parecia um cenário de guerra na manhã desta terça-feira. De um lado, estava uma massa de seguidores de religiões de matriz africana. Do outro, separados por uma grade para evitar confronto direto, se reuniam defensores da causa animal.

A casa cheia — de gente, barulho, gritaria e intolerância dos dois lados — tinha motivo: andares acima, a Comissão de Constituição e Justiça analisava o projeto de autoria da deputada Regina Becker (PDT), que previa a proibição do uso de animais em sacrifícios religiosos. Por volta das 10h15min,o texto foi votado — a votação já havia sido adiada duas vezes. E, por 11 votos contrários e um a favor, o texto foi considerado inconstitucional pela comissão.


27 de abril de 2015


O jornalista e apresentador Pedro Bial e o narrador Galvão Bueno deram um selinho nos bastidores do especial de 50 anos da TV Globo. A cena não foi apresentada na emissora, mas, no sábado à noite, foi levada ao ar pela Globo News, dentro do programa Globo News Documento.



Diga não a qualquer tipo de preconceito.


FOTOS


Dr. José A. Farret, presidente de honra do Grupo Santo Expedito
Mãe Sueli de Xangô com seu filho de santo Pai Aldo de Ogun



Tamboreiro Ruan com sua equipe de Alabê
Pai Aldo de Ogun


DIGA NÃO A TODOS OS TIPOS DE PRECONCEITO!!!!


GRUPO SANTO EXPEDITO CONVIDA PARA A PROCISSÃO EM HOMENAGEM A OGUN!!!!


Estamos Abertos a todos Aqueles que por ventura tiver o interesse de vir conhecer nosso amado Grupo Santo Expedito...


23 de abril de 2015

Patacori Ogunhê




Ogum é um poderoso Orixá, dono do ferro e do fogo. seu mês é Abril e seu dia 23, Ele é um guerreiro,um lutador que defende a lei e a ordem. Este Orixá abre os caminhos e vence as lutas, agindo pelo instinto para defender e proteger os mais fracos. Todas as lutas, as conquistas, as vitórias são presididas por Ogum.
Ele é a lei divina em ação, que pune e premia, mas não gosta de ser invocado em vão. É fácil invocar Ogum, mas controlar as suas ações é impossível.
O dia da semana consagrado a Ogum é a terça-feira, que coincide com o dia dedicado pelos romanos a Marte, o deus da guerra. Sempre ligado à força e ao poder, ele é o dirigente que não quer ter suas ordens desobedecidas. Ogum pode ser associado ao arcano IV do Taro: o Imperador; como esse arcano ele encarna a vontade firme aliada a força de execução, as energias fluindo para uma realização material. Ele protege seus domínios de forma consciente, seguro do poder que representa. Enfocado como arquétipo, Ogum contém elementos fortes e consistentes que o mantém como uma figura viva e atuante na esfera psíquica do homem.





O filho e a filha de Ogum são geralmente magros e altos (pode haver exceções). Apesar de ser um pouco tímido e discreto quase nunca passa despercebido.
O temperamento reflete o vigor físico do filho de Ogum: ele está sempre em atividade, é determinado e criador. O espírito de competição é evidente e a impaciência e as frustrações ao perder criam mais incentivo para ele seguir em frente.
Ele não reflete sobre os riscos de uma ação, pois é impetuoso e impulsivo e está sempre travando batalhas.
Sem o impulso e a coragem de Ogum a humanidade demoraria muito para alcançar o progresso; é ele o desbravador, aquele que abre o caminho para quem vem atrás. Moisés é uma personalidade típica de Ogum: a sua ira ao quebrar as tábuas da lei divina, a coragem para dirigir seu povo numa viagem para o desconhecido, o poder a ele atribuído de abrir caminhos são atributos de um homem de Ogum.
Como todo homem possui seus defeitos o filho de Ogum considera apenas o seu próprio ponto de vista, seguir metas que lhe são importantes sem considerar todos os que direta ou indiretamente estão envolvidos com ele.
Os desafios aguçam o espírito combativo de Ogum e o modo dele utilizar a sua força pode parecer, aos olhos de quem não o compreende bem, altivez e arrogância.
Qualquer forma de limite representa uma prisão para uma pessoa regida por Ogum. Ele precisa se enxergar livre para ir e vir á sua vontade, não consegue expandir sua alegria, força e energia em um ambiente restritivo e sempre igual. A novidade serve de estímulo à ação.
Com capacidade de liderar e coragem suficiente para enfrentar qualquer missão, consegue reunir a sua volta pessoas que colaboram com ele por prazer sentindo-se revitalizadas pelas qualidades magnéticas e energéticas dessa personalidade tão forte.
Sem aceitar palpites no que faz , ele é franco e rude ao impor a sua vontade aos seus subordinados. É capaz de castigar prontamente qualquer falha , mas seu perdão vem depressa e logo pede desculpas quando se excede no seu comportamento.
Gosta da verdade acima de tudo, nunca fala por trás de alguém, suas críticas são abertas, pois detesta dissimulação.

22 de abril de 2015

Vamos Lutar Irmãos e Simpatizantes... A liberdade Religiosa é um direito nosso


Não podemos nos calar, onde vamos parar??
Hoje eles iniciam com a forma de cultuarmos nossos orixás, amanhã nos prendem na praça e nos açoitam por desobedecer suas leis burguesas. A evolução existe sim em nossa religião evoluímos nossa educação, nossa Solidariedade. E vocês ditadores de leis absurdas, qual a solidariedade praticada com seus irmãos?


21 de abril de 2015

Gostaria que vocês vissem este vídeo e analisassem, para posteriormente colocar alguns comentários em relação ao mesmo....Obrigado!!!

17 de abril de 2015

Grupo Santo Expedito

Grupo Santo Expedito
Depois de assistir ao vídeo que país é esse vc ainda acredita que esse país tem jeito? Será que é justo pagar aos políticos pelas leis que não são cumpridas? Serå que algum dia vamos poder ver pessoas sérias goverñando nosso País?  Deixe seus comentários para fazermos um debate sobre este assunto...





“Ter filho gay é falta de porrada”, diz Bolsonaro

No dia em que se noticia a morte de um garoto de 8 anos espancado por um pai que não aceitava os “hábitos afeminados” do filho, vale relembrar que quem estimula tamanha crueldade está também ocupando cargo político no Congresso Nacional


O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) reverbera na mídia um discurso presente em nossa cândida sociedade de que ter filho gay é consequência de falta porrada de durante a infância. Pois bem, nesta quarta-feira veio à baila a crueldade cometida por um pai que seguiu este ensinamento. Alex Moraes Soeiro, 34 anos, morador da comunidade de Villa Kennedy, zona oeste do Rio, jogou toda sua força contra o filho de oito anos, espancando-o até a morte. Motivo: o garoto gostava de lavar louça e não queria cortar o cabelo (veja aqui).


O preso disse que espancava o menino para “ensiná-lo a virar homem”, porque, segundo o pai, o garoto gostava de dança do ventre, tinha o hábito de vestir as roupas das irmãs e gostava de lavar louça. Levado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da região, o menino faleceu horas depois após sofrer hemorragia interna em razão do espancamento.


De acordo com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, a grande maioria das denúncias de homofobia recebidas pelo Disque 100 (em 2011 foram quase 7 mil) são de violências sofrida por gays dentro de casa, 42%.


Casos de barbárie como o ocorrido em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Um pecuarista espancou o próprio filho homossexual em julho do ano passado (relembre aqui). O rapaz de 16 anos ainda foi ameaçado pelo pai de ser arrastado pelas ruas da cidade. O jovem chegou a ter as pernas amarradas a uma caminhonete. O produtor rural, que não teve o nome revelado, foi indiciado por injúria e tortura.


Tem um pensamento repetido por homossexuais que resume bem o desamparo de crianças e adolescentes LGBTs. Uma criança negra que sofre racismo na escola, volta para casa e encontra o abraço da mãe, mas uma criança gay que sofre homofobia na escola, volta para casa e está sozinha.


Para muitos, o nível de violência homofóbica chega ao nível do insuportável . Uma pesquisa divulgada na publicação científica Pediatrics mostra que crianças LGBTs rejeitadas pelos pais correm seis vezes mais riscos de sofrer com altos níveis de depressão e tentam o suicídio oito vezes mais na comparação com heterossexuais de mesma faixa etária. Para citar apenas um episódio, tratamos recentemente docaso do menino de 11 anos que tentou se suicidar após sofrer bullying homofóbico.


Mas temos no nosso Congresso Nacional um deputado capaz de dizer esse tipo de coisa. Assista abaixo.













Bolsonaro virou uma caricatura de si mesmo. Suas aparições em programas de televisão popularescos como Superpop e etc são usadas apenas para levar humor ao telespectador no final da noite.

Mas ainda tem muita gente que o leva a ferro e fogo. Muita mesmo. Em 2010, foi eleito com 120 mil votos. Provavelmente sua votação deve ser ainda mais expressiva na próxima eleição, pela mídia que conseguiu nos últimos quatro anos ir ao encontro do pensamento de gente reacionária.

E o deputado vai dizer o quê? Que não estava falando em morte quando se referia a “levar um couro”? Que esse pai provavelmente não tinha a intenção de matar o filho. Mas, e agora? Alguém vai devolver a vida a esse garoto?

Jair Bolsonaro vai poder abraçar os seus filhos, os mesmos que repetem o seu discurso de ódio a gays quando voltar para casa. Porém, esse garoto não tem mais o direito ao abraço de ninguém.

Até quando continuaremos produzindo novos “Alex” e novos filhos mortos por seus pais? Até quando pais vão continuar mais se importando se o filho ou a filha brinca de carrinho ou de boneca do que com amor e respeito? Os pais precisam perceber a desgraça que promovem na cabeça das crianças quando tentam impor a orientação sexual ou identidade de gênero, que, comprovada cientificamente por centenas de estudos, é algo com base genética. Os dados sobre depressão e suicídio são claros. O seu filho não vai deixar de ser homossexual, bissexual ou transexual porque você quer. Não vai e não adianta torturá-los.

Até quando o poder público vai continuar assistindo de braços cruzados a violência homofóbica cotidiana em nosso país. Lamentar morte depois do ocorrido é muito pouco diante de tanto sofrimento.

A homofobia mata e precisa ser tratada com políticas públicas que promovam o esclarecimento à população desde nossas crianças até a vida adulta.

O Dia e Pragmatismo Politico







NÃO Á PL 21/2015





Não á PL 21/2015! 






O projeto de Lei, proposto pela Deputada Regina Fortunati do PDT, visa proibir a sacralização de animais em nossos ritos. A PL citada é INCONSTITUCIONAL, pois entra em conflito direto com o ART 5º da CF/88, que em seu inciso VI DIZ: É INVIOLÁVEL a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. 



PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA - CASA CIVIL 




DECRETO DE LEI Nº 6.040, DE 07 FEVEREIRO DE 2007. 


POLÍTICA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO 




SUSTENTÁVEL DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS 



Art. 1º Inciso I - O reconhecimento, a valorização e o respeito à diversidade socioambiental e cultural dos povos e comunidades tradicionais, levando-se em conta, dentre outros aspectos, os recortes etnia, raça, gênero, idade, religiosidade, ancestralidade, orientação sexual e atividades laborais, entre outros, bem como a relação desses em cada comunidade ou povo, de modo a não desrespeitar, subsumir ou negligenciar as diferenças dos mesmos grupos, comunidades ou povos ou, ainda, instaurar ou reforçar qualquer relação de desigualdade; 


VIII - o reconhecimento e a consolidação dos direitos dos povos e comunidades tradicionais; 

XII - a contribuição para a formação de uma sensibilização coletiva por parte dos órgãos públicos sobre a importância dos direitos humanos, econômicos, sociais, culturais, ambientais e do controle social para a garantia dos direitos dos povos e comunidades tradicionais; 

XIII - a erradicação de todas as formas de discriminação, incluindo o combate à intolerância religiosa; e 




XIV - a preservação dos direitos culturais, o exercício de práticas comunitárias, a memória cultural e a identidade racial e étnica. 

OBJETIVO GERAL 


Art. 2o A PNPCT tem como principal objetivo promover o desenvolvimento sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas instituições. 


OBJETIVOS ESPECÍFICOS 

VI - reconhecer, com celeridade, a auto-identificação dos povos e comunidades tradicionais, de modo que possam ter acesso pleno aos seus direitos civis individuais e coletivos;

XIV - assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e coletivos concernentes aos povos e comunidades tradicionais, sobretudo nas situações de conflito ou ameaça à sua integridade; 

XV - reconhecer, proteger e promover os direitos dos povos e comunidades tradicionais sobre os seus conhecimentos, práticas e usos tradicionais;

Baseados na CF/88 e na Lei, solicitamos que sejam garantidos nossos direitos e que seja decretada a INCONSTITUCIONALIDADE da PL 21/2015.


ATENÇÃO POVO DE AXÉ, DIA 28 DE ABRIL AS 8 HORAS DA MANHÃ, NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA É A VOTAÇÃO CONTRA A MATANÇA SAGRADA PARA NOSSOS ORIXÁS, QUEM PUDER DE UMA CHEGADA LÁ, POIS VAI TER UMA MANIFESTAÇÃO CONTRARIA A VOTAÇÃO DESTE PROJETO DE LEI ABSURDO. DIGA NÃO A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA.





ALERTA!!!
Eu quero falar aos meus irmãos de fé, mas também alertar as autoridades a respeito dos últimos acontecimentos a partir do projeto 021/ 2015, onde nós Africanistas e Umbandistas, passamos a sair ás ruas não só em Porto Alegre, mas também no interior do estado, para reivindicar a garantia de nossos direitos, que já estão garantidos na constituição, eu estou muito preocupado porque os Evangélicos querem a qualquer preço adquirir poder sobre todas as religiões, querendo o titulo de religião dominante em nosso País, agora já aparecem projetos diversos semelhantes a esse que tramita na Assembleia R S, em outros estados e municípios Brasileiros, meus irmãos na Assembleia já nos dividiram entre pessoas normais e os assassinos de animais, os das religiões cristãs e os que estão com o diabo, já houve muitos enfrentamentos dos protetores de animais, Evangélicos E Africanistas e Umbandistas, os Deputados defensores da causa dos animais não respeitam o povo Africanista, pois vem a cada reunião manipulando a votação, pedindo vistas ao projeto vergonhoso da Deputada Regina Fortunati, para adiar a votação, estão tentando nos jogar uns contra os outros, fomentando uma grande guerra santa, acho isso é de uma grande irresponsabilidade que cairá sobre os ombros destes Deputados que estão manipulando a votação.
Quero deixar bem claro que se houverem enfrentamentos de religiosos. Nosso estado ficará manchado para sempre e também o parlamento gaúcho, é preciso dar um basta em tudo isso, temos que garantir a votação no dia 28 / 04 / 2015. Lotando todos os espaços da Assembleia Legislativa e vencendo com esmagadora votação.


Até a vitória meus irmãos!!! “ AXÉ KAUÒ CABELECILE”



14 de abril de 2015

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA



OS CULTOS AFROS SÃO DO DIABO NÃO É???
E ESSE É DE QUEM REGINA BECKER FORTUNATI???
TA FEIO HEIN...Hahahaha...
Pastor que abusava de fiéis dizendo ter pênis ‘abençoado’ é preso no interior de Goiás O pastor Valdecir Picanto Sobrinho, de 59 anos, foi...
TOPASSADA.VIRGULA.UOL.COM.BR

A deusa dos Orixás



Aguas de Oxum




O mar serenou


"O mar serenou
quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia.."


É D'Oxum


Nessa cidade todo mundo é D'Oxum...

Sobre a tal PL 21/2015



O SACRIFÍCIO DE ANIMAIS NAS RELIGIÕES AFRO-GAÚCHAS

Norton F. Corrêa *

O projeto de lei da deputada estadual Regina Becker Fortunatti, do PDT, visando proibir o sacrifício de animais, no batuque, supostas vítimas de maus tratos, reedita o de um deputado evangélico, em 2005, reprovado por 32 contra 2 votos. Mas esta gente é teimosa. A atual proposta, além de tendenciosa e discriminatória, por ignorar ou escamotear certos fatos, revela uma incompreensível incongruência ideológica da autora.

No chamado totemismo, certos animais, os totens, representavam o ancestral da tribo, que com o tempo foi divinizado. Simbolizando como que uma fusão entre o humano e o divino, o animal-deus era ritualmente sacrificado, preparado e ingerido pelo grupo, características presentes em religiões como o catolicismo, o batuque e o judaísmo. 
No catolicismo, Cristo, também figurado como um cordeiro, é oferecido a deus-pai, a carne e o sangue (pão e vinho) sendo consumidos pelo padre e/ou fieis. 
No batuque, o processo é similar. Cada animal “pertence” a certa divindade e é imolado para ela, sendo a carne preparada e ingerida pelos participantes do ritual. O sangue, símbolo maior da vida, é oferecido ao orixá, representado por objetos rituais. Alimentado, ele tem força para proteger os humanos. Na noite seguinte, na festa pública, “baixa” em seus iniciados, vem ao “mundo”, a possessão sendo a garantia de sua existência e poder, na visão do batuque, e consequentemente, de proteção. Ou seja, aí temos o objetivo maior do batuque, sua própria razão de existência, como religião. Observe-se, diferentemente do distante deus cristão, a divindade, através da possessão, está ali, presente, podendo ser consultada, ouvir súplicas, advertências, o que é fundamental, psicologicamente, para quem é pobre e negro, pois oprimido pela discriminação e o racismo. Por isto, o sacrifício de animais é o eixo em torno do qual a religião se estrutura. Face a estas questões, só um louco desvairado iria fazer um animal sofrer, pois cometeria sacrilégio gravíssimo justamente contra o deus a quem este é dedicado. E o autor do ato seria terrivelmente castigado pelo orixá, também na ótica batuqueira. 
Como antropólogo, realizei pesquisas intensivas sobre o batuque, de 1969 a 1989. Em muitas ocasiões e vários templos, pude observar e fotografar cenas de sacrifício muito de perto. É sob o peso do argumento acima e desta longa vivência, que posso afirmar que ninguém maltrata animais, nos templos. Ou seja, a deputada, na melhor das hipóteses, ignora o que se passa por lá. 
Nas sinagogas há também sacrifícios de animais e a técnica é idêntica à do batuque: o animal é suspenso pelas patas traseiras e tem a carótida cortada, morrendo em poucos segundos. 
Mas nos matadouros, a questão é outra e bastante conhecida. São milhares de animais e de estabelecimentos produtores de carne, entre legalizados e clandestinos, e o processo de abate é diário e semelhante: os bois entram no brete à força de bastões elétricos e/ou aguilhadas. A morte, muito comumente, é com marreta, o animal, às vezes, apenas desmaia e, ao acordar, está sendo esfolado vivo. .

RACISMO À GAÚCHA
O Rio Grande do Sul é tido, com razão, como o estado mais racista do País. Exemplo concreto, expressões racistas são abundantes na literatura regional gaúcha, de João Simões Lopes Neto a autores mais recentes, inclusive do tradicionalismo. Em um caso significativo, o fenômeno é simplesmente escamoteado: historiador de certa fama, Walter Spalding afirma que não havia racismo, no antigo Rio Grande, pela pouca presença de negros: “apenas” 26.600, no século XVIII, mas não diz que era cerca de 30% da população da Província... E há os onipresentes “clubes de morenos”, dos rincões mais distantes à Capital, os livros didáticos. Menos palpáveis, mas efetivas, são perseguições e repressão (muitas das quais testemunhei ou soube pela imprensa), da igreja católica (e agora das evangélicas, com destaque para a IURD, significativamente muito toleradas, aliás) sobre manifestações culturais negras. Sobre a primeira, sua cúpula, historicamente, e a maior parte de seus ministros, é composta por descendentes de alemães, tidos, em geral, como muito racistas. As ordens italianas, mas em menor escala, também agem neste sentido. 
Embora o IBGE informe que os afrodescendentes sejam 12% da população gaúcha, o número de templos afro-brasileiros, 30 mil ou mais, é muito superior aos do Rio, São Paulo ou Bahia. Quando me perguntam por esta aparente discrepância, a hipótese que levanto é que a força do racismo local foi o principal motivo que obrigou os escravizados e seus descendentes a criar formas de organização estruturadas em torno à cultura ancestral. Com efeito, os templos são espaços de sociabilidade, forjamento de identidades e de proteção física e espiritual contra um ambiente sócio-cultural extremamente hostil. Proibir o sacrifício de animais, no batuque, no korban judaico ou o simbólico, na missa, eixos dos respectivos sistema religiosos, é simplesmente acabar com tais religiões e, consequentemente, puxar o tapete existencial de seus integrantes. Sobre as religiões afro-brasileiras, particularmente, tais questões me levaram a concluir que é impossível aprofundar estudos sobre as religiões afro-brasileiras sem considerar o contexto das relações raciais que envolvem.

LÓGICA ILÓGICA
A proposta apresentada pela nobre deputada é inconstitucional por construção, pois desconsidera que “todos são iguais perante a lei”, já que visa uma só categoria, os batuqueiros. Se ignora o que ocorre nas sinagogas e nos matadouros (e nestes são sacrificados milhares de animais, por dia, que sofrem muito, sim), deveria ter se munido de mais dados, para propor a lei. Porém, se não ignora tudo isto, mas exclui sinagogas e matadouros, cabe supor que: ou lhe falta coragem para enfrentar a poderosa comunidade judaica e, idem, o Sindicato das Indústrias de Carne do RS (e perder votos para a reeleição), ou optou por ganhar ibope, posar de ecologista (para garantir votos) pelo modo mais fácil: atacar o segmento mais oprimido, pobre, frágil e estigmatizado da racista sociedade gaúcha, os batuqueiros, negros, em sua maioria. Mas tem mais: pergunto qual a lógica que moveu uma deputada do Partido Democrático Trabalhista, em nome do amor pelos animais, a propor uma lei altamente prejudicial justamente à classe que, por coerência política, deveria defender, os trabalhadores. A não ser que os animais supostamente maltratados pelos filiados à comunidade batuqueira sejam mais importantes, para ela, do que estes.

* Doutor em Antropologia, autor do livro O Batuque do Rio Grande Sul.

12 de abril de 2015

Qual será o verdadeiro erro o julgamento,ou o culto realizado em prol do povo com o uso da solidariedade...

Nesses dias temos visto ataques diretos a nossa religião mascarado de ''proteção aos animais''. Mas em meio a tantas perguntas, indagações que podemos direcionar as pessoas apoiadoras a causa deixo no ar algumas....

- Quanto vale uma vida? Vemos todos os dias senhores, senhoras, crianças que não tem a mesma oportunidade de conforto que muitos de nós que podemos nos dar o luxo de estar na internet, ou até mesmo da deputada em questão que no conforto do seu lar, lança projetos incabíveis como esse.

- E os animais soltos nas ruas? Será que apenas os usados na sacralização é que tem que ser ''defendidos'' ai vemos o ataque direto a nossa religião.

- E os valores pessoais, solidariedade? Quantas e quantas pessoas são alimentadas por essas carnes abatidas para obrigações, muito pouco é usado no ritual o restante distribuímos ao povo, não apenas frequentadores assíduos mas muitos, realmente contam com essa hora para colocar um alimento digno na sua boca e na boca de seus filhos. Será que o pecado maior não seria deixar a boca do irmão vazia? quando se pode ajudar?.

- E quanto a todo resto? E todos os Frigoríficos irão parar pelo simples capricho de alguém que pensa que pode mudar a constituição brasileira por leviano interesse politico?

Deixo junto a um vídeo antigo que junto a diretoria concluímos ser condicente a causa atual algumas outras perguntas....

O verdadeiro erro está em nossa Religião? 

O sofrimento de nossos antepassados para realizar seus cultos foram em vão?

É certo o preconceito direto e declarado a nossa religião ser mantido como um simples projeto?

Qual será o próximo passo? VOLTAR A PERSEGUIR os sacerdotes e praticantes das religiões?





O Batuque é uma religião que fala aos pobres, está nas margens das cidades do Rio Grandes do Sul. A carne dos animais imolados em rituais em 99% dos casos é unica e exclusivamente para liturgia e será consumida durante as festas que se realizam após as obrigações. Estes defensores dos animais no fundo nem fazem ideia da apologia que esta senhora está indiretamente tentando incutir na Assembléia. Hoje querem tocar e proibir em nossos rituais mais sagrados. Amanhã irão invadir nossos terreiros e parar nossas obrigações com o direito que uma pessoa intolerante resolveu criar esse projeto. Daqui alguns anos será o que? Vão por grilhões nos pés dos batuqueiros? A chibata e o pau de arara vão ser colocados nas praças e os religiosos brancos, negros ou não iremos ser açoitados? INTOLERÂNCIA!







11 de abril de 2015



Estes Deputados me Representam! Temos que apoia-los no que der e vier! Eles hoje mostraram que são sensatos e verdadeiros! Hoje entraram para História ao mostrar para a Deputada Regina Fortunati o sabor amargo de sua derrota na próxima terça!



Os deputados Jorge Pozzobom (PSDB), Manuela d Ávila (PCdoB), Ciro Simoni (PDT), Maurício Dziedricki (PDT), Frederico Antunes (PP), Luiz Fernando Mainardi (PT) e Alexandre Postal (PMDB) manifestaram-se contrários ao parecer do relator. Os parlamentares Altemir Tortelli (PT) e Nelsinho Metalúrgico, que não integram a CCJ, também manifestaram-se pela inconstitucionalidade do PL 21/2015.






Constituição da Republica Federativa do Brasil :


ARTIGO V enuncia em seu paragrafo VI :
(...) é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;(...)
Legislação do Estado do Rio Grande do Sul:
DECRETO ESTADUAL N.º 43.252, DE 22 DE JULHO DE 2004.
Regulamenta o art. 2º da Lei n.º 11.915/03, prevendo que somente poderão ser utilizados em sacrifício para o exercício de cultos religiosos os animais destinados à alimentação humana, sem utilização de recursos de crueldade para a sua morte.
O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 82, inciso V, da Constituição do Estado,
considerando o disposto no Código Estadual de Proteção aos Animais, instituído pela Lei nº 11.915, de 21 de maio de 2003,
considerando que tal Código tem como finalidade a compatibilização e o desenvolvimento sócio-econômico com a preservação ambiental, nela incluído os animais silvestres, domésticos e os que formam a pecuária do Estado,
considerando que esses animais são merecedores de atenção especial por parte do Poder Público,
considerando ainda que é inviolável a liberdade de consciência e de crença e assegurado o livre exercício de cultos religiosos (art. 5º, inciso VI- CF),
DECRETA:
Art. 1º - Fica regulamentado nos termos deste Decreto o artigo 2º da Lei nº 11.915, de 21 de maio de 2003, com a alteração introduzida pela Lei nº 12.131, de 22 de julho de 2004, que dispõe sobre o Código Estadual de Proteção aos Animais, para ser observado conforme o disposto abaixo.
Art. 2º - Para o exercício de cultos religiosos, cuja liturgia provém de religiões de matriz africana, somente poderão ser utilizados animais destinados à alimentação humana, sem utilização de recursos de crueldade para a sua morte.
Art. 3º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário.
"QUEM É DE AXÉ, DIZ QUE É."
Temos e teremos nossos direitos preservados por constituinte e legalmente valida e promulgada. 
Aceita que doi menos.....

Nosso axé não cairá sobre a Proposta da deputada estadual Regina Becker Fortunati (PDT), que quer vetar sacrifício de animais nas cerimônias de umbanda e cultos afro.

10 de abril de 2015

'Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz…"

"Certa manha, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer.
Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silencio me perguntou:
- Além do cantar dos pássaros, você esta ouvindo mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:
- Estou ouvindo um barulho de carroça.
- Isso mesmo, disse meu pai, é uma carroça vazia .
Perguntei ao meu pai:
- Como pode saber que a carroça esta vazia, se ainda não a vimos?
Ora, respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia; por causa do barulho.
Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.
Tornei-me adulto, e ate hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando (no sentido de intimidar), tratando o próximo com grosseria inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e, querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo: 'Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz…'"



9 de abril de 2015

Lider de Matriz Africana diz que CPDA/OAB-RJ não impedirá sacrifício de animais nos terreiros, "vamos continuar sacrificando", diz a líder










Lider de Matriz Africana diz que CPDA/OAB-RJ não impedirá sacrifício de animais nos terreiros, "vamos continuar sacrificando", diz a líder
http://youtu.be/6fsT99qEr6s 

Com grande espanto Marisa Lobo postou na rede social:

"Gente vocês não vão acreditar. A líder do fórum das religiões de matrizes africanas está dizendo aqui agora na comissão de direitos humanos na câmara federal , que não vão parar de sacrificar animais e que o Presidente da CPDA/OAB-RJ errou em dizer que,os sacrifícios estão diminuindo. Ela está usando o microfone e dizendo que não vão parar de sacrificar animais e que queria que Zumbi dos Palmares estivesse aqui para dar um jeito nos deputados que querem proibir o sacrifício. Via Damares Alves e Marisa Lobo

Assistam na Integra em http://arquivovod.camara.gov.br/wmroo...

Lutaremos e não desistiremos!


A voz do povo de axe não pode ser calada! Vamos a lutar meu povo!


00 horas, mais uma sessão semanal, onde provavelmente será votada a CONSTITUCIONALIDADE OU NÃO do PL 21/15, de autoria da deputada evangélica, que proíbe a sacralização animal nos cultos afro religiosos nos limites do estado do Rio Grande do Sul. O relator do caso Deputado Gabriel Souza deu parecer favorável a constitucionalidade do projeto de lei, ou seja, sugere aos demais deputados que levem o caso para a votação em plenário, aliás, este deputado já se declarou pessoal e abertamente contra a causa afro religiosa. Face aos fatos CONVIDO a todos para novamente lotarmos o prédio da AL pressionando os deputados para que façam valer a constituição brasileira e votem pela INCONSTITUCIONALIDADE do PL21/15, sendo que desta forma o mesmo é arquivado e não segue adiante. A presença de todos neste momento é tão importante quanto o comparecimento a um ebó, um xirê ou uma mesa de Ibedji em nossos terreiros, visto que se a lei for aprovada não teremos mais ebós, xirês e nem mesas de Ibedji para comparecer. Vestir branco e superlotar a Assembleia Legislativa do RS amanhã é um dever religioso coletivo, e também uma demonstração de amor a nossa religião...asé



PRÉVIA DOS ACONTECIMENTOS: 
Articulações internas entre deputados movimentam a Assembleia Legislativa do RS no que se refere a PL 21/15 que tenta golpear o Batuque RS na raiz. 
Se o projeto passar na Comissão de Constituição e Justiça, amanhã dia 7 de abril, irá para votação em plenário, onde mais ou menos 40 deputados votarão contra ou a favor da proposta, sendo que de antemão sabemos haver uma maioria coordenada por bancadas evangélicas e que conspiram contra nossa religião. O PL sendo aprovado, ainda teríamos uma chance com o VETO DO GOVERNADOR que é católico assumido e dificilmente apoiaria nossa causa. Mas de qualquer forma a deputada que nos persegue deseja mesmo é que o PL não seja aprovado na CCJ, pois neste caso ela pedirá o PLEBISCITO que seria realizado junto com as próximas eleições. A deputada tem certeza absoluta que a população votará esmagadoramente contra as religiões afro e seus dogmas fundamentais. A agravante maior é que aquilo que for decidido nas urnas é inquestionável e irrevogável. Segundo avaliação prévia, na reunião da CCJ de amanhã, dos 12 deputados 8 votarão a favor da inconstitucionalidade do projeto, que o paralisará, entretanto a deputada imediatamente entrará com o pedido do plebiscito, sob a alegação de que no texto original da lei 11.915 há um parágrafo de exceção para os ritos religiosos afro brasileiros, e como exceção poderíamos "abater" desde animais domésticos, como cães e gatos, até animais exóticos e ou em extinção. 
Neste quesito o amparo legal diz que o amparo a fauna deve ser maior que o amparo às religiões. Entre as articulações previstas entre os pares contrários à nossa causa existe, ainda, a estratégia de algum deputado contrário pedir vistas ao processo, isso ofereceria mais 60 dias para discussões internas, sendo que a deputada, nossa algoz, não acredita que nossa mobilização irá perdurar coesa por tanto tempo, e que diante da desfragmentação do movimento dos religiosos em estagio de "fogo de palha", sem pressões externas os deputados votariam a favor da deputada e do projeto que nos intolera e discrimina...asé

TIÚLIO MILLMAN:
Em sua fala no programa JORNAL DO ALMOÇO, da RBS TV, de Porto Alegre, o jornalista Túlio Millman comentou sobre a PL21/15 e a votação na CCJ/AL/RS, e disse: "Se este projeto de lei for considerado constitucional pelos deputados, legislando especificamente sobre as RELIGIÕES AFRO BRASILEIRAS no que se refere a imolações, se tornará então um debate ampliado, pois terá que legislar sobre QUALQUER tipo de abate e violência contra animais. Como vivemos num Pais onde a constituição federal não faz distinções, a partir da lei ninguém mais poderá comer carne de nenhum tipo, visto que animais não são comidos vivos, nem manter animais em cativeiro como o caso dos zoológicos e até animais de estimação pois privam a liberdade animal". Particularmente, já fui entrevistado pelo Tulio Millman duas vezes, nos programas Tele Domingo e no Studio 36, sobre temas polêmicos de nossa religião, e o mesmo sempre se mostrou solícito a causas igualitárias e as desmistificações. Com o Comentário de ontem no Jornal do Almoço ele demonstrou mais uma vez que merece o respeito da comunidade tradicional de terreiros, bem diferentemente de sua colega de trabalho Rosane Marchetti... asé 





Vindo da tribo pré-colonial de Benis, dinastia de Glefê, da nação Jeje, do estado de Benin, na Nigéria, o lendário Príncipe Custódio do Xapanã Sakpatá Erupê foi um dirigente tribal africano, exilado no Brasil, onde se tornou famoso como curandeiro e líder religioso. Seu nome tribal era Osuanlele Okizi Erupê, filho primogênito do Obá Ovonramwen. Ao chegar ao Brasil, adotou o nome de José Custódio Joaquim de Almeida, Príncipe de Ajudá (1832-1936) 

Príncipe José Custódio Joaquim de Almeida, Príncipe de Ajudá (1832-1936)








São João Batista de Ajudá era uma fortaleza portuguesa no Daomé, tendo sido descoberta pelos portugueses quando navegavam na costa da Guiné. Era a capital do antigo Reino de Daomé, edificado numa vasta planície outrora muito povoada de cristãos negros. O rei D Pedro II de Portugal mandou construir a referida fortaleza a fim de proteger o importante comercio que então os portugueses faziam na Costa da Mina. Foi ocupado pelos Ingleses, que ali estabeleceram importantes feitorias, que passaram a ser defendidas pelas guarnições das fortalezas antes pertencentes a Portugal, entre as quais a de São João Batista de Ajudá. Daomé foi colônia de vários países que se estabeleceram ao longo de seu território à margem do Atlântico, mas em 1876 a Grã-Bretanha terminou a ação que iniciara alguns anos antes, comprando toda a parte dos demais ocupantes, tornando, então, a Costa do Ouro inteiramente de propriedade dos ingleses, os quais também tiveram de entrar em acordo com os reis e príncipes negros que lá governavam. Desta determinação britânica resultou a deportação de um rei africano, que somente em 1934 teve autorização para voltar a fim de passar sossegadamente o resto de seus dias na terra natal. Com outros governantes foram feitos acordos financeiros por eles aceitos a fim de ser evitado o massacre do seu povo. 

Entre estes estava o Príncipe de São João Batista de Ajudá, que deixou sua terra na Costa da Mina em 1862 quando tinha 31 anos de idade. Ninguém sabe como e em que circunstancias este príncipe governante deixou o Porto de Ajudá, que era perto da Costa do Ouro (hoje Republica de Gana), onde em algumas décadas anteriores, funcionava um dos principais locais de embarque de escravos para o Brasil, mas o certo é que ele partiu ante a promessa solene dos ingleses de que o seu povo não sofreria o que haviam sofrido os grupos vizinhos ante a violência dos alemães e franceses. Os portugueses antes poderosos tinham se contentado com uma parte do Guiné e com as ilhas de São Tome e Príncipe, cedendo as suas fortalezas. As condições para que o Príncipe de Ajudá não oferecesse qualquer resistência aos invasores, alem do respeito pela vida dos seus súditos, era a de que ele se exilasse e jamais voltasse aos seus domínios. E, como parte do convênio, a Grã-Bretanha se comprometia a fornecer-lhe uma subvenção mensal paga em qualquer parte do mundo onde estivesse, por intermédio dos seus representantes consulares. Por qual motivo o exilado escolheu o Brasil como sua nova pátria, não se sabe. Talvez por haver aqui grande numero de descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina, os chamados “Pretos Mina” ou outra razão qualquer. Sua chegada a nossa terra foi assinada como acontecida em 1864, dois anos depois de ter deixado Ajudá.
Inicialmente, fixou-se em Rio Grande, mais tarde foi para o interior de Bagé, e já encontrou por lá rituais religiosos de origem africana, popularmente denominada de Batuque. Ele contribuiu sim, e muito para nossa religião, com seus contatos políticos, pois Custódio vinha de uma família nobre e sua saída da África foi política. Ele sabia como se destacar e fazia bom uso de sua sabedoria religiosa, o que ajudou a travar as perseguições às casas de culto africano e foi onde se tornou famoso como curandeiro e líder religioso. Ninguém sabe como e nem em que circunstâncias, ao final do século XIX este príncipe governante deixou São João Batista de Ajudá, no Daomé e por qual motivo o exilado escolheu o Brasil. Talvez por haver aqui grande número descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina.
De Bagé mudou-se para Porto Alegre, onde chegou em 1901, com 70 anos de idade. O Príncipe Custódio tinha oito filhos, três homens e cinco mulheres. Seus conhecimentos de idioma português não eram muito corretos, porém podia expressar-se fluentemente em inglês e francês, além de falar ainda vários dialetos das tribos africanas que havia governado. As festas que promovia na data de seu aniversário duravam três dias com a casa sempre cheia de gente, de manhã à noite, quando se comia e se bebia do bom e do melhor, ao som dos tambores africanos que batucavam sem parar naquelas setenta e duas horas. Mensalmente o consulado britânico local entregava-lhe um saquinho cheio de libras esterlinas, cuja troca em mil-réis servia para manter a pequena corte da Rua Lopo, a família numerosa, os agregados, os empregados, e ainda serviam àqueles que o procuravam nos momentos de dificuldades financeiras.
No dia 26 de Maio de 1936 morreu o Príncipe Custódio aos 104 anos de existência. Seu velório e seu enterro, atendendo ao pedido expresso do morto, foi feito dentro das tradições africanas com muito batuque e muitos trabalhos em intenção do morto.
Também foi Príncipe Custódio quem fez o assentamento do Bará no mercado público de Porto Alegre, onde todos os adeptos dos cultos africanos fazem reverência cada vez que terminam uma obrigação aos seus Orixás. Isso de certa forma indica que, se o mesmo não foi o introdutor do batuque em nosso estado, provavelmente tenha sido um dos primeiros.


 |Materia Retirada do :
Jornal do Senado › Edição de 16 de abril de 2013 › Cidadania


O direito de criticar dogmas e encaminhamentos é assegurado como liberdade de expressão, mas atitudes agressivas, ofensas e tratamento diferenciado a alguém em função de crença ou de não ter religião são crimes inafiançáveis e imprescritíveis
Juliana Steck
Celebração no Rio de Janeiro pede respeito à liberdade religiosa, em 21 de janeiro, com presença de adeptos de diversas tradições de fé
A intolerância religiosa é um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a crenças e práticas religiosas ou a quem não segue uma religião. É um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana.
O agressor costuma usar palavras agressivas ao se referir ao grupo religioso atacado e aos elementos, deuses e hábitos da religião. Há casos em que o agressor desmoraliza símbolos religiosos, destruindo imagens, roupas e objetos ritualísticos. Em situações extremas, a intolerância religiosa pode incluir violência física e se tornar uma perseguição.
Crítica não é o mesmo que intolerância. O direito de criticar encaminhamentos e dogmas de uma religião, desde que isso seja feito sem desrespeito ou ódio, é assegurado pelas liberdades de opinião e expressão. Mas, no acesso ao trabalho, à escola, à moradia, a órgãos públicos ou privados, não se admite tratamento diferente em função da crença ou religião. Isso também se aplica a transporte público, estabelecimentos comerciais e lugares públicos, como bancos, hospitais e restaurantes.
Presidente da CDH, Ana Rita faz duras críticas ao deputado Marco Feliciano
Ainda assim, o problema é frequente no país. Algumas denúncias se referem à destruição de imagens de orixás do candomblé ou de santos católicos. Ficou famoso no Brasil o pastor da Igreja Universal do Reino de Deus Sérgio Von Helder, que, em 1995, chutou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida em rede nacional de TV. Há também casos de testemunhas de Jeová que são processadas por não aceitarem que parentes recebam doações de sangue, de adventistas do Sétimo Dia a quem não são dadas alternativas quando não trabalham ou não fazem prova escolar no sábado, e de medidas judiciais que impedem sacrifício de animais em ritos religiosos, entre outros.
Em janeiro, a TV Bandeirantes foi condenada pela Justiça Federal de São Paulo por desrespeito à liberdade de crenças porque, em julho de 2010, exibiu comentários do apresentador José Luiz Datena relacionando um crime bárbaro à “ausência de Deus”. “Um sujeito que é ateu não tem limites. É por isso que a gente vê esses crimes aí”, afirmou o apresentador. A emissora foi condenada a exibir em rede nacional, no mesmo programa, esclarecimentos sobre diversidade religiosa e liberdade de crença.
Recentemente têm provocado reações algumas ­declarações do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, Marco Feliciano (PSC-SP). Pastor evangélico, ele escreveu no Twitter que africanos são descendentes de um “ancestral amaldiçoado por Noé” e que sobre a África repousam maldições como paganismo, misérias, doenças e fome. A presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, senadora Ana Rita (PT-ES), se manifestou a respeito.
— São declarações e atitudes que instigam o preconceito, o racismo, a homofobia e a intolerância. Todas absolutamente incompatíveis e inadequadas para a finalidade do Legislativo — disse.
Denúncias cresceram mais de 600% em um ano; crenças de matriz africana são as que mais sofrem ataques
A quantidade de denúncias de intolerância religiosa recebidas pelo Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República cresceu mais de sete vezes em 2012 em relação a 2011, um aumento de 626%. A própria secretaria destaca, no entanto, que o salto de 15 para 109 casos registrados no período não representa a real dimensão do problema, porque o serviço telefônico gratuito da secretaria não possui um módulo específico para receber esse tipo de queixa. Ou seja, muitos casos não chegam ao conhecimento do poder público. A maior parte das denúncias é apresentada às polícias ou órgãos estaduais de proteção dos direitos humanos e não há nenhuma instituição responsável por contabilizar os dados nacionais.
A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir) também não possui dados específicos sobre violações ao direito de livre crença religiosa. No entanto, o ouvidor do órgão, Carlos Alberto Silva Junior, diz que o número de denúncias de atos violentos contra povos tradicionais (comunidades ciganas, quilombolas, indígenas e os professantes das religiões e cultos de matriz africana) relatadas à Seppir também cresceu entre 2011 e 2012.
Caminhada no Dia Contra Intolerância Religiosa, em Fortaleza. Data foi criada em 2007, após morte de líder do candomblé difamada por jornal evangélico
Muitas agressões são cometidas pela internet. Segundo a associação ­SaferNet, em 2012, a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos ­recebeu 494 ­denúncias de intolerância religiosa praticadas em perfis do Facebook. O mundo virtual reflete a situação do mundo real. De 2006 a 2012, foram 247.554 denúncias ­anônimas de páginas e perfis em redes sociais que continham teor de intolerância religiosa.
Ministra da Seppir, Luiza Bairros ressalta a gravidade das agressões
A tendência é de queda: de 2.430 páginas em 2006 para 1.453 em 2012. Mas a tendência não significa que o número de casos reportados de intolerância religiosa tenha diminuído. “Uma das razões é a classificação feita pelo usuário. Mesmo páginas reportadas por possuir conteúdo racista, antissemita ou homofóbico têm, também, conteúdo referente à intolerância religiosa”, explica Thiago Tavares, coordenador da central.
Os dados foram ­divulgados pela Agência Brasil este ano no Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, 21 de janeiro. A data foi instituída em 2007 pela Lei 11.635, em homenagem a Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda, do terreiro Axé ­Abassá de Ogum, de Salvador. A religiosa do candomblé sofreu um enfarte após ver sua foto no jornal ­evangélico Folha Universal, com a manchete “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”. A Igreja Universal do Reino de Deus foi condenada a indenizar os herdeiros da sacerdotisa.
A ministra da Seppir, Luiza Bairros, disse, nas comemorações de 21 de janeiro, que os ataques a religiões de matriz africana chegaram a um nível insuportável. “O pior não é apenas o grande número, mas a gravidade dos casos. São agressões físicas, ameaças de depredação de casas e comunidades. Não se trata apenas de uma ­disputa religiosa, mas também de uma disputa por valores civilizatórios”, disse.
Na ocasião, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República lançou um comitê de combate à intolerância religiosa. A ­iniciativa pretende promover o direito ao livre exercício das práticas religiosas e auxiliar na elaboração de políticas de afirmação da liberdade religiosa, do respeito à diversidade de culto e da opção de não ter religião.
O comitê terá 20 integrantes, sendo 15 deles representantes da sociedade civil com atuação na promoção da diversidade religiosa. Ainda sem data definida para começar efetivamente a funcionar, o comitê depende de um edital que selecionará os integrantes.
Perseguição policial até os anos 1960
O Brasil é um país laico. Isso significa que não há uma religião oficial e que o Estado deve manter-se imparcial no tocante às religiões. Porém, sendo um país de maioria cristã, práticas religiosas africanas foram duramente perseguidas pelas delegacias de costumes até a década de 1960.
Como agir
No caso de discriminação religiosa, a vítima deve
ligar para a Central de Denúncias (Disque 100) da
Secretaria de Direitos Humanos.
Também deve procurar uma delegacia de polícia
e registrar a ocorrência. O delegado tem o dever de
instaurar inquérito, colher provas e enviar o relatório
para o Judiciário. A partir daí terá início o processo penal.
Em caso de agressão física, a vítima não deve
limpar ferimentos nem trocar de roupas — já que
esses fatores constituem provas da agressão —
e precisa exigir a realização de exame de corpo de delito.
Se a ofensa ocorrer em templos, terreiros, na
casa da vítima
, o local deve ser deixado da maneira
como ficou para facilitar e legitimar a investigação das
autoridades competentes.
Todos os tipos de delegacia têm o dever de averiguar
casos dessa natureza, mas em alguns estados há
também delegacias especializadas. Em São Paulo,
por exemplo, existe a Delegacia de Crimes Raciais e
Delitos de Intolerância (veja o Saiba Mais).
No período colonial, as leis puniam com penas corporais as pessoas que discordassem da religião imposta pelos escravizadores. Decreto de 1832 obrigava os escravos a se converterem à religião oficial. Um indivíduo acusado de feitiçaria era castigado com pena de morte. Com a proclamação da República, foi abolida a regra da religião oficial, mas o primeiro Código Penal republicano tratava como crimes o espiritismo e o curandeirismo.
A lei penal atual, aprovada em 1940, manteve os crimes de charlatanismo e curandeirismo.
Até 1976, havia uma lei na Bahia que obrigava os templos das religiões de origem africana a se cadastrarem na delegacia de polícia mais próxima. Na Paraíba, uma lei aprovada em 1966 obrigava sacerdotes e sacerdotisas dessas religiões a se submeterem a exame de sanidade mental, por meio de laudo psiquiátrico.
Muitas mudanças ocorreram até 1988, quando a Constituição federal passou a garantir o tratamento igualitário a todos os seres humanos, quaisquer que sejam suas crenças.
O texto constitucional estabelece que a liberdade de crença é inviolável, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos. Determina ainda que os locais de culto e as liturgias sejam protegidos por lei.
Já a Lei 9.459, de 1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões. Ninguém pode ser discriminado em razão de credo religioso. O crime de discriminação religiosa é inafiançável (o acusado não pode pagar fiança para responder em liberdade) e imprescritível (o acusado pode ser punido a qualquer tempo).
A pena prevista é a prisão por um a três anos e multa.
Restrições religiosas atingem 75% da população mundial
Uma pesquisa mundial feita em 2009 e 2010 indicou o aumento da intolerância religiosa. Segundo o Instituto Pew Research Center, com sede nos Estados Unidos, 5,2 bilhões de pessoas (75% da população mundial ) vivem em locais com restrições a crenças.
No período, passou de 31% para 37% a proporção de países com nível elevado ou muito alto de restrições. Entre os países com as maiores restrições governamentais (leis, políticas e ações para limitar práticas religiosas), estavam Egito, Indonésia, Arábia Saudita, Afeganistão, China, Rússia e outros que somaram 6,6 pontos ou mais em um índice de máximo 10. O Brasil aparece, junto com Austrália, Japão e Argentina, em nível baixo, entre os países com 0 a 2,3 pontos.
Mesmo nos países com nível moderado ou baixo de restrições, houve aumento da intolerância. Nos Estados Unidos, por exemplo, houve uma proposta — ­rejeitada pela Justiça — de declarar ilegal a lei islâmica. Na Suíça, foi proibida a construção de novos minaretes (torres em mesquitas). O aumento dessas restrições foi atribuído a fatores como crescimento de crimes e violência motivada por ódio religioso.
Projetos modificam Código Penal e regulamentam a Constituição
Entre as propostas em tramitação no Congresso para combater a intolerância religiosa, está o PLC 160/2009, que dispõe sobre as garantias e os direitos fundamentais ao livre exercício da crença, à proteção aos locais de cultos religiosos e liturgias, e à liberdade de ensino religioso, buscando regulamentar a Constituição. O projeto, do deputado George Hilton (PRB-MG), está na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS). O relator, Eduardo Suplicy (PT-SP, foto), propôs audiência, ainda não agendada, para debater o texto.
O assunto vem sendo discutido também no âmbito da proposta de reforma do Código Penal, tema de comissão especial do Senado. Um grupo de juristas preparou o anteprojeto, posteriormente apresentado como projeto (PLS 236/2012) por José Sarney (PMDB-AP). A intolerância religiosa está relacionada a assuntos do código, como os crimes contra os direitos humanos e os que podem ser praticados pela internet.
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